A minha inst(h)abilidade em tempo de pandemia

Chegamos a mais uma quarta-feira e quem me conhece um pouquinho que seja, sabe que eu sempre gostei desse dia da semana, ou gostava, já nem sei mais.

Não sei vocês, mas eu não me lembro de já ter vivenciado momentos na vida com tantas oscilações como este. Chego a ter sentimentos e opiniões bem diferentes em relação ao mesmo assunto na mesma semana e às vezes até no mesmo dia. Me sinto várias em uma e tenho observado esse mesmo movimento na clínica, ora as pessoas se veem com muita esperança, ora sem nenhuma para contar a história e assim tem sido desde o início da pandemia.

Tenho a impressão que não estávamos preparados em nenhum nível para suportar a ideia de vivermos um dia de cada vez, sem grandes pretensões além de nos manter vivos até o próximo amanhecer. Fomos colocados num lugar de incertezas, sem nenhuma garantia de nada e muita imprevisibilidade, nos deixando assustados e às vezes paralisados, sem muitos recursos para seguir adiante.

Ao meu ver, este momento de pandemia também nos despertou a necessidade de olharmos para dentro nós mesmos na tentativa de encontrarmos alguma coisa que nos sustente, pelo menos neste período, de forma a diminuir um pouco a pressão, aceitando e respeitando as nossas limitações, fazendo o que é possível apenas com o que se tem.

Também, na tentativa de sobreviver a todo esse caos, me vi ressignificando muitas relações, sejam elas de amizade, profissionais e até mesmo familiares. Concluí que estar em paz virou a minha maior meta de vida e decidi que só iria em busca do que me aproximasse dela.

O meu desejo nesse momento é consigamos atravessar por essa fase difícil como quem passa de uma fase no joguinho de vídeo game, com mais energia, mais recursos, mais experiência e mais habilidade para enfrentarmos as adversidades que a vida não cansa de nos oferecer. Que possamos, com isso, ser habilidosos para criar formas de levantar após uma ou muitas quedas.

E você, como tem passado e sentido tudo isso?

Estou aqui, se você quiser dividir.

Cecília Castro Gomes